domingo, 1 de maio de 2011

A iMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA
 PARA O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO E DA LINGUAGEM DA CRIANÇA


   1. INTRODUÇÃO

Inicialmente o homem quase não se organizava, depois passou a se organizar em bandos e viver como nômades. A partir da necessidade de sobrevivência criou novas tecnologias como o uso do fogo, dos metais e passou a tirar proveito da natureza. Deixou marcas nas paredes das cavernas ao desenhar sua própria figura e a figura de caça, criando uma expressão do conhecimento.
Segundo ARANHA e MARTINS (1993) a evolução do pensamento sobre a condição humana vem desde a pré-história e está ligada, também, ao pensamento eurocêntrico. Esse pensamento contempla a noção de progresso histórico, ou seja, a evolução da humanidade passou de estágios menos aperfeiçoados para estágios um pouco mais avançados. A partir dessa perspectiva mais ampla entende-se que o uso de instrumentos, signos e tecnologias são partes fundamentais para o processo de adaptação do homem ao meio. 
Segundo CAMPO (2007, p.78) (...) se define tecnologia não só como a capacidade de desenvolver utensílios, aparelhos ou ferramentas, mas também diferentes simbolismos, tais como: a linguagem oral ou escrita, os sistemas de organização da atividade produtiva ou de relações humanas.
(...) a tecnologia não é apenas uma inferência a natureza, mas é, sobretudo, uma forma de refletir sobre ela, de pensar os processos que levam à construção, aceitação e generalização de certos utensílios ou signos em determinado período histórico. (SANCHO, 1998)
2. PENSAMENTO E LINGUAGEM
Essa forma na qual os seres humanos processam a informação, modelam o mundo e conseguem lidar de uma forma efetiva em relação aos seus planos, desejos e metas, nada mais é que o pensamento.
O pensamento não coincide de forma exata com os significados das palavras. O pensamento vai além, porque capta as relações entre as palavras de uma forma mais complexa e completa que a gramática faz na linguagem escrita e falada. Para a expressão verbal do pensamento, às vezes é preciso um esforço grande para concentrar todo o conteúdo de uma reflexão em uma frase ou em um discurso. Portanto, podemos concluir que o pensamento não se reflete na palavra; realiza-se nela, a medida em que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento para outra pessoa (Vygotsky, 1998)
Existem duas grandes vertentes na Psicologia que explicam a aquisição da linguagem: a ambientalista - defende que a linguagem já nasce conosco e a inatista - afirma que a linguagem é aprendida no meio.
No entanto, consideraremos a abordagem interacionista por entendermos que a linguagem pode ser explicada a partir de considerações das duas vertentes e embasaremos nosso trabalho a partir de conceitos dos dois principais representantes do interacionismo, Piaget (1896-1980) e Vygostky (1896-1934).
Para Piaget o pensamento aparece antes da linguagem, que apenas é uma das formas de expressão, ou seja, para ele a linguagem faz parte de uma função mais ampla, que é a capacidade de representar a realidade através de significados que se distinguem de significantes.
[...] a criança reconstrói suas ações e idéias quando se relaciona com novas experiências ambientais. A inteligência é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas. Esta adaptação refere-se ao mundo exterior, como toda adaptação biológica. Desta forma, os indivíduos se desenvolvem intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. A construção da inteligência dá-se, portanto em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras. Piaget (1982, p.138)

No entanto, para Vygotsky o estudo das relações entre pensamento e linguagem passa por varias mudanças ao longo da vida do individuo, e a conquista da linguagem representa um marco no desenvolvimento do homem. Sendo assim, a linguagem tanto expressa o pensamento da criança, como age como organizadora desse pensamento, ou seja, para ele o pensamento e a linguagem são processos interdependentes desde o inicio da vida, sendo que a aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores, sistematizando a experiência direta.
Sabe-se que tanto nas crianças como nos adultos, a função primordial da fala é o contato social, a comunicação, isto quer dizer que o desenvolvimento da linguagem é impulsionado pela necessidade de comunicação. Mesmo a fala mais primitiva da criança é social. Assim, é possível afirmar que tanto Piaget como Vygotsky concebem a criança como um ser ativo, atento, que constantemente cria hipóteses sobre o seu ambiente.
Entende-se aqui que esse desenvolvimento é contínuo, influenciado por processos de maturação genéticos e pelo contexto histórico, social e cultural que possibilita a criança aprender e se desenvolver por toda sua vida, criando novas formas de agir e se relacionar no mundo.
É por meio dessa interação que os indivíduos desenvolvem as suas estruturas cognitivas superiores e, ao mesmo tempo, intervêm sobre o meio. A interação ocorre dentro da estrutura dos sistemas de atividade que estão mediados social e instrumentalmente. Esta mediação incide na conformação das funções psicológicas superiores dos seres humanos, ao mesmo tempo em que  intervêm no seu meio ambiente. Essas funções têm uma natureza instrumental pelo caráter mediado dos estímulos que as geram; cultural pela estrutura social das atividades e pelo caráter dos instrumentos/meios que intervêm, e histórica porque tanto os instrumentos como os e sistemas de atividade nos quais se integram são fruto do decorrer da história social da humanidade mais ou menos internalizada por cada individuo. (SANCHO, 1998. p.84)
3. TECNOLOGIA
Se concebermos a tecnologia como o conjunto de conhecimentos que permite a nossa intervenção no mundo, como o conjunto de ferramentas físicas ou de instrumentos, psíquicas ou simbólicas, e sociais ou organizadoras, estamos nos referindo a um “saber fazer” que bebe das fontes da experiência, da tradição, da reflexão sobre a prática e das contribuições das diferentes áreas do conhecimentos. Um saber fazer que, se não quiser ser mecanicista e rotineiro, deve levar em consideração as contribuições dos diferentes âmbitos científicos, constituindo-se, por sua vez, em fonte de novo conhecimento. SANCHO (1998. p.17)

Para SANCHO (1998. p.17) “Quando damos a conotação de educacional á tecnologia, perde o seu sentido genérico e passa a se referir a todas as ferramentas intelectuais, organizadoras e de instrumentos à disposição de ou criados pelos diferentes envolvidos no planejamento, na prática e avaliação do ensino.”

Os professores que afirmam que o uso do computador desumaniza o ensino, sem se dar conta de que os instrumentos que utilizam (do livro ao quadro de giz), as tecnologias simbólicas que medeiam a sua comunicação com os  alunos ou fazem parte da mesma (linguagem, representações icônicas, o próprio conteúdo do currículo) e as tecnologias organizadoras (gestão e controle da aprendizagem, disciplina…) estão configurando a sua própria visão e relação com o mundo e seus estudantes. A pergunta que poucas vezes é feita é se a tecnologias mais adequadas para responder aos problemas atuais do ensino é a escola. SANCHO (1998. p.23)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação à reflexão sobre os impactos das tecnologias da comunicação e aprendizagem no desenvolvimento da criança, não é raro que a palavra mais empregada para denominar ou explicar as conseqüências decorrentes do avanço tecnológico seja ampliação. Discute-se a ampliação das capacidades humanas por meio de agenciamentos técnicos e tecnológicos; fala-se em aumentar as perspectivas de ação pedagógica através da capacitação e qualificação de professores, do desdobramento das possibilidades de realização de atividades educacionais, construção de novos espaços para diálogos construtivos entre professores, famílias e crianças, validação de várias vozes em relação ao conceito de mundo, ampliação de redes sociais virtuais e até mesmo construção de novas políticas públicas voltadas
para a educação infantil.
Percebemos como as crianças de hoje são bem mais desenvolvidas, isso está presente na linguagem, no aprendizado etc. A internet possibilitou ao homem, uma maior interação com o mundo e também uma aprendizagem muito mais rápida. As crianças de hoje têm uma maior facilidade e rapidez de assimilarem as informações que as de 50 anos atrás. O computador e principalmente a internet trás impactos profundos na vida das crianças, percebe-se como essas tecnologias influenciam no desenvolvimento do pensamento e da linguagem da criança que já nasceram em um ambiente onde o computador é normal, e através dessa tecnologia busca-se novos aprendizados, novas maneiras de lazer etc.
O envolvimento afetivo torna a aprendizagem mais significativa, e com isso o desenvolvimento do pensamento mais rápido, e as crianças tem um vínculo muito constante com o computador, trocam as brincadeiras de antes pelos jogos eletrônicos, bate-papos, redes sociais. As crianças não lêem livros como antes, seus trabalhos não são mais escritos e sim digitados, não brincam mais com brinquedos pedagógicos, tudo agora virou email, Orkut, Msn e torpedo de celular. É importante perceber que as tecnologias estão ai, e que a cada dia chegam novas. Ensinar as crianças a utilizá-las como método educativo e de diversão e importante, já que está em nosso contexto e não há mais como voltar atrás, então é aproveitar o que há de bom e ficar atento para as complicações o mau uso podem trazer. 

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia, Ed. Moderna, 2ª edição, ano 1998.
 CASTRO, Danielle Andrade de. O lúdico no ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa: sugestões de aulas criativas e divertidas aplicadas a alguns conteúdos do Ensino Fundamental – 5ª a 8ª série. Rio de Janeiro, 2005. 58 p. Pedagogia em Foco. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: . Acesso em: dia mês ano.
 RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Vygotsky e o desenvolvimento humano. Disponível em: no dia 21 de abril de 2011.
RIBEIRO, A. M. Curso de Formação Profissional em Educação Infantil. Rio de Janeiro: EPSJV / Creche Fiocruz, 2005, p.78.
SANCHO, Juana M. Para uma tecnologia educacional. Trad. Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Art Med. 1998, p.17-18, 23, 28, 78 e 84.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.

Matéria: Processos Psicológicos Básicos II: Pensamento e Linguagem

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